Ora, o rei só tinha preocupações e… inveja do Frei João. Tanta, que o mandou chamar ao palácio para saber o seu segredo.
Mas o frade nada lhe disse que o satisfizesse e então o rei determina:
- Vou arranjar-te alguns cuidados para teres algo com que te preocupar. Escuta, que tens três dias para me responder a três perguntas. Quanto pesa a lua? Quanta água tem o mar? E o que é que eu estou a pensar? Se não souberes responder mando-te matar.
Completamente desassossegado, o frade saiu do palácio e ao cruzar-se com o moleiro do rei, este viu a sua tristeza e preocupação e disse, gozando:
- Ó Frei João! Esse seu ar de hoje não combina com o seu nome!
- Tu deixa-me em paz! Se daqui a três dias, não souber quanto pesa a lua, quanta água tem o mar e é quê que o rei está a pensar, manda-me matar.
- Oh! Oh! Oh! Deixe comigo, Frei João! Empresta-me o seu hábito e quem vai falar com o rei, daqui a três dias sou eu! Vai ver como o seu nome fica a salvo e a sua cabeça também.
- Ó Zé! A minha cabeça, não. A tua!
- Ou isso!!!!
E assim, passados os três dias determinados, de hábito e capuz, alguém se apresenta ao rei.
- Olha que tal é a vergonha, que este frade em cuidados nem sequer mostra a cara! Ora diz-me lá então, seu velho descuidado. Quanto pesa a lua.
- Um quilo, senhor. Toda a gente sabe que tem quatro quartos.
- Ai é? E o mar? Quanta água tem?
Majestade! Preciso da vossa ajuda. Mandai parar todos os rios e eu vos direi!
- Bom malandro me estás a sair! Mas se não me respondes à última, mando-te matar. Ora diz-me lá em que estou a pensar?
- Que está a falar com o frade, Majestade, e eu sou o seu moleiro.
(Transcrição do reconto oral, do professor, em sala de aula)
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